dez palmos acima da insignificância
   vivo na cave do universo  a contar os buracos da lua  e as migalhas que caem  da mesa nua    os que por mim passam  fingem que não me vêem  vasculhando os restos  e o rasto das nuvens    vivo no estrume do subsolo  meio caminho escavado  entre as artérias da penúria  e o sangue da usura    os que a mim se chegam  com falas mansas e dentes como lanças  atiram-me que sou um fardo  um espinho cravado nos luminosos astros    ainda assim  eu ardo  dez palmos acima da insignificância    v. Solteiro  in" a arquitectura das palavras "