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A mostrar mensagens de abril, 2012

dez palmos acima da insignificância

vivo na cave do universo a contar os buracos da lua e as migalhas que caem da mesa nua os que por mim passam fingem que não me vêem vasculhando os restos e o rasto das nuvens vivo no estrume do subsolo meio caminho escavado entre as artérias da penúria e o sangue da usura os que a mim se chegam com falas mansas e dentes como lanças atiram-me que sou um fardo um espinho cravado nos luminosos astros ainda assim eu ardo dez palmos acima da insignificância v. Solteiro in" a arquitectura das palavras "

A Dimitris Christoulas, em Atenas, Abril de 2012

de súbito insustentável na praça Syntagma a relva surgiu vermelha junto do tronco impassível da árvore abandonada e toda a Grécia estremece com o espanto de um grito um grito só e aflito que cruzou a Terra toda como se fora pequena como se valesse a pena despertar ainda a aurora e jaz num corpo vazio que nos perturba a cidade foi cada passo contado que o levou ao destino foi a certeza da Vida que lhe aconselhou a morte e um tiro redentor que suas mãos libertaram agitaram o torpor das consciências paradas ali foi digno Dimitris contra os tiranos da vida a provar-nos às mãos-cheias que somos senhores de tudo e só nós somos os donos da hora da liberdade quando a centelha da honra se acende dentro de um peito vestido de humanidade legou uma nota breve bordada a sangue e a revolta por não mais o merecerem os tiranos que nomeia mas o olhar derradeiro abrange este mundo inteiro adivinha-se fraterno militante solidário numa paz feita na guerra que vestiu de dig