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A mostrar mensagens de julho, 2011

o meu verdadeiro espírito

O meu verdadeiro espírito, qual é? Não te posso dizer. Vê apenas a neve e o orvalho das montanhas. Dogen Zenji (1231-1253)

Portugal

Portugal Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse oitocentos Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os infiéis ao norte de África só porque não podia combater a doença que lhe atacava os órgãos genitais e nunca mais voltasse Quase chego a pensar que é tudo mentira, que o Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente Portugal Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino nacional (que os meus egrégios avós me perdoem) Ontem estive a jogar poker com o velho do Restelo Anda na consulta externa do Júlio de Matos Deram-lhe uns eletrochoques e está a recuperar àparte o facto de agora me tentar convencer que nos espera um futuro de rosas Portugal Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do Império mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar uma pétala que fosse da

ENTRE CAIXÃO E BERÇO

Mãe, quando, um dia, eu voltar de vez, fico aqui contigo para sempre. Quando abraçar a velha soleira e beijar as santas árvores de antigamente e, cansado, lágrimas tremendo, em teus olhos olhar. Espera, então, por mim, que uma noite virei. Será Outono, sei, luz púrpura ziguezagueia, fulva luz nocturna. A grande porta de ferro, troando, há-de fechar-se de tal modo, Que a velha casa ,fria, tremerá de medo. Mas tu não receies, vem ao meu encontro, suavemente, por mais medonho e branco que eu seja, aperta-me nos teus braços, não busques o coração, que inunda o sangue feio e preto, olha só para os meus olhos dormentes e baços, acaricia-me a cabeça, em silêncio. Eu nem sequer te contarei como vivi entre beijos ulcerados , na noite clara, olhar-te-ei somente, como no passado, então compreenderei que tu és o início e tu és o fim. Mudo,deitar-me-ei na grande cama branca, eu, velho bebé que falar não sabe, e do coração aos lábios sobe, vibrante, a ida melodia da

a maré do meu amor

A maré do meu amor Subiu tão alto; Deixa-me fluir sobre ti. Fecha os olhos por um momento E pode ser que todos os teus medos e fantasias Acabem. Se isso acontecesse Deus tornar-se-ia numa criança em teus braços. E depois, Terias que cuidar de toda a criação.