Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2009

postulado

Eu quero uma tira de papel do meu tamanho um metro e sessenta nele um poema que grita quando alguém passa e grita em letras negras a exigir o impossível coragem cívica por exemplo essa coragem que nenhum animal possui compaixão por exemplo solidariedade em vez de rebanho fazer nossos através de actos esses conceitos Homem animal que tem coragem cívica Homem animal que conhece a compaixão Homem animal-palavra animal-conceito Animal que escreve poemas poema que pede impossíveis a quem passa urgentemente irrefutavelmente como se apregoasse “Bebe Coca-Cola” Hilde Domin [in: "Estende a mão ao milagre", antologia organizada e traduzida por Maria José Peixoto Lieberwirth, Cosmorama, 2008) ver, sobre a autora

o olhar

O teu lugar é onde olhos te olham. Tu nasces onde os olhos se encontram. Suspensa por um chamar, sempre a mesma voz, parece haver só uma com que todos chamam. Caías, mas não cais. Olhos te prendem. Tu existes porque olhos te querem, olham-te e dizem que tu existes. Hilde Domin - Nascida no ano de 1909, em Colônia, Hilde Domin começou a escrever poemas somente a partir de 1951, quando já se encontrava exilada na República Dominicana, país que a fez adoptar o sobrenome do pseudónimo, em substituição a Palm, que ganhou quando casara. Devido à distância entre os idiomas e ao facto de não ter uma boa divulgação em língua portuguesa, Domin ainda é nome de restrito prestígio . Na Alemanha, entretanto, não se pode contornar a poeta quando se fala de pós-guerra. Ao lado de Paul Celan, Rose Ausländer, Ingeborg Bachmann, entre outros, Domin se concentra, em sua obra, nos temas do exílio – a língua estrangeira, a perda da terra natal, os choques e encontros culturais. Essa mulher extraordinária e