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A mostrar mensagens de julho, 2010

O DESTINO DAS ROUPAS

No cesto da roupa suja de qualquer quarto do mundo uma mãe saberia reconhecê-las. Suportaram as investidas do tempo, as agressões do lixo, os estragos do primeiro amor os rasgos da primeira contenda, as nódoas da fruta, os espinhos da rosa, a rosa do amor, o vómito amargo de sábado à noite, o sangue do amigo no carro desfeito. © 2006, Rui Lage De: Revólver Ed.Quasi, V. N. Famalicão, 2006 ISBN: 989-552-221-5

o cúmplice

Crucificam-me e eu devo ser a cruz e os cravos. Passam-me o cálice e eu devo ser a cicuta. Enganam-me e eu devo ser a mentira. Incendeiam-me e eu devo ser o inferno. Devo louvar e agradecer cada instante do tempo. Meu alimento é todas as coisas. O peso preciso do universo, a humilhação, o júbilo. Devo justificar aquilo que me fere. Não importa minha ventura ou desventura. Sou o poeta. Jorge Luiz Borges trad. josely vianna baptista

Matilde Rosa Araújo