Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2011

Agostinho da Silva

BREVES NOTAS

Ontem queimei um lençol, com o ferro, fiz isso sozinha, gravei-lhe um colorido triângulo torrado graças à televisão. Tenho sempre a televisão pequena na cozinha enquanto passo a ferro: uma criança negra numa guerra mamava ao peito de sua mãe morta. Senti que tinha engolido uma bola de pêlo. Não irei esquecer isso: o leite gotejou para dentro do meu peito. Miren AGgur Meabe in http://poesiailimitada.blogspot.com/2011/02/miren-agur-meabe.html

O sétimo selo - diálogo de Antonius Block com a Morte

Ernesto de Melo e Castro

Por Favor, me Chame pelos Meus Verdadeiros Nomes

Não diga que partirei amanhã pois eu chego todos os dias. Olhe profundamente; eu chego em cada segundo para ser um botão num galho da primavera, para ser um pequeno passarinho, com asas ainda frágeis aprendendo a cantar em meu novo ninho, para ser uma lagarta no coração da flor, para ser uma jóia escondendo-se numa pedra. Eu ainda chego, para rir e para chorar, para ter medo e ter esperança, o ritmo do meu coração é o nascimento e a morte de tudo o que está vivo. Eu sou a efemérida metamorfoseando na superfície do rio, eu sou o pássaro que, quando chega a primavera, aparece a tempo de comer a efeméride. Eu sou o sapo nadando feliz da vida na água clara do lago, e sou a cobra, que, aproximando-se em silêncio, alimenta-se do sapo. Eu sou a criança em Uganda, de pele e osso, de pernas finas como bambu, eu sou o mercador de armas, vendendo armas mortíferas para Uganda. Eu sou a garota de doze anos de idade, refugiada dentro de um pequeno bote, que atira-