MALEVICH


















Malevich descobriu
que o branco tinha cor
as várias cores do branco
desde o branco cabralino
das brancas casas caiadas
até o branco indolor
dos muros dos hospitais
o branco das sepulturas
brancas, das paredes duras
brancas, das casas e flores
brancas, que orlam o lodo
de esgotos de favelas
e o mais branco das velas
dos lenços e dos lençóis
mesmo a branca imagem branca
do esvoaçar de uma garça
na revelação do meu sol
sobre praias do Nordeste
ou a doçura brancura
do açúcar no café
as cortesias alturas
da lua tiradentina
onde o branco dessas tintas
se finge de mais alvura
como neves Himalaias
ou branco das gravuras
da minha amiga artista
Lyria Palombini
ou o branco daquelas saias
engomadas onde passam
virgens ao sol sorridente
em direção das suas salas
decerto paredes brancas
de suas almas de escola




Rogel Samuel




in " Novos Poemas" de Rogel Samuel

Comentários

agradeço muitíssimo, amiga, a gentileza de publicar o meu poeminha que só a seus olhos tem algum valor...
Gostei desta maneira subtil e doce
que nos diz que, à primeira vista, o que nos aparece como uniforme, contém diferenças, e é por essas
diferenças (ou dissemelhanças?) que o mundo se desdobra e enriquece. Boa escolha, Maria Azenha!
Um beijo de amizade.
Jefferson Bessa disse…
Linda seleção, Maria! Impressiona a sutileza da presença dos muitos brancos no poema de Rogel.

Um abraço.
Jefferson.
alva

colcha


[de sóis

de cal]

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