apocalipse



virei
reiteradamente
como as estações das flores
virei como o animal ou o corsário
semear o vento que vos lembre a morte
(e vós que vos fechais em vossa vã imagem e vossos trapos,
vós que adorais Deus olhando-vos ao espelho,
tremei de vosso assento de carne fustigada
há muito que Ele deixou às vossas portas as sandálias)
virei na eclosão das vagas
envolto em tudo quanto a vida trabalha
virei no desregramento do vento
e em vosso pasmo
assim eu cante o vinho
que sobe o rio às costas dos vindimadores
virei no circuito da palavra
que se quebra como um ramo de água
e deixareis as armas para falar sem ritos
morre-se quando de nós ficam ficaram restos
que ninguém recolhe
virei no som de Stockhausen
e quantos desconstruíram a harmonia
e o mundo antigo
para que habiteis o tempo
como quem habita as fontes
cheios de barulhos por dentro
como o vinho
à cabeça das vindimadeiras


in: http://triplov.com/semas/2010/Nome/index.htm



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Grandes são os desertos

visitações , ou o poema que se diz manso

A Dimitris Christoulas, em Atenas, Abril de 2012