Grandes são os desertos, e tudo é deserto. Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo. Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas, Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu. Grandes são os desertos, minha alma! Grandes são os desertos. Não tirei bilhete para a vida, Errei a porta do sentimento, Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse. Hoje não me resta, em vésperas de viagem, Com a mala aberta esperando a arrumação adiada, Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem, Hoje não me resta (à parte o incómodo de estar assim sentado) Senão saber isto: Grandes são os desertos, e tudo é deserto. Grande é a vida, e não vale a pena haver vida, Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem) Acendo o cigarro para adiar a viagem, Para adiar todas as viagens. Para adiar o universo in
Comentários
Obrigada Adelaide por esta pérola.
As pérolas são um elemento orgânico e natural e precisam de "respirar" assim o fez a Mariah, obrigada.
Saudade é como viajar
Num barco que se perdeu
E a vontade de marear
Merce que se pense no Eu
Pensar no Eu é esquecer
Que não há separatividade
Que todos provimos do SER
Que está alem da eternidade
E somos apenar manifestações
Dessa Causa sempre Incausada
Nessa busca em nossos corações
Pó das estrelas nessa estrada
Deixa-te ir mais além um pouco
Invadir pela música das esferas
Ama e torna a amar, não és louco
Só o amor percorre todas as eras
Um pequeno presente para si.
Um abraço
José António