antes do nome


Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero o esplêndido de onde emerge a sintaxe,os sítios escuros onde nasce o "de",
o "aliás",o "o" o "porém", e o "que", esta incompreensível muleta que me apóia.
Quem entender a língua entende Deus cujo filho é o verbo.
Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça,infrequentíssimos, se poderá apanhá-la:
um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.



Adélia Prado

Comentários

M.A. disse…
Adelia Prado é incisiva
e bela.
dade amorim disse…
Adélia mora em meu coração desde o primeiro texto. Beijos, querida.

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