Calabouço



Quem dera pudesse dissipar a sombra.
A chave, não a tenho mais.

Todos esses monstros, com seus corpos flamejantes, presos em jaulas de cobre, rogando às forças do abismo que os libertem.

Quem dera pudesse dissipar a sombra.
A chave, a perdi naquela tarde.

Um dia, as luzes da fonte eram negras. Com uma rocha, vedaram a entrada da caverna. As cabeças em estacas marcavam o caminho.

Quem dera pudesse dissipar a sombra.
A chave esqueceu-se na fenda da cratera.

Ontem não há mais e o que resta é essa noite interminável e a faca do vento gelado nas costas e os açoites dos gritos de dor

Quem dera pudesse dissipar a sombra
A chave, a levou o príncipe das trevas.

Hoje os astros sem céu possível, nada que emane das paredes que se fecham sobre os corpos onde as almas se escondem.


Adriana Versiani
Ouro Preto – MG, Brasil- 1963



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