soubesse eu que eras ténue!- vicente ferreira da silva




soubesse eu que eras ténue!
brisa dos cinco elementos.
formada no rompimento dos tecidos humanos
ou em desejos momentâneos.
já idos! em Março.

vislumbrei-te sem halo.
intacta!
como a lua despida ao Outono.
e aceitaste-me com um sorriso de estrelas.

foi no hausto do instante,
inebriado pela miríade dos sentires,
que me deixei,
despercebidamente, sucumbir.
o tempo foi-se, exausto.
e nem sequer, os teus lábios provei.

Soubesse eu que eras ténue!
mas não soube.
e despojando-me das vestes artificiais,
fui pregar às areias do vento.

o voo das aves corria no fluir das lágrimas
ou na força vital que pulsa nas artérias,
e foi nas águas do deserto
que reencontrei a dupla hélice da vida.

a lembrança? deixou de estar corrompida.

falhei o teu breve partir.
mas sei-te ténue, sei-te minha.
no profundo das sequóias vermelhas.


in Comentários na face da Noite

do Inatingível

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