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Volta o meu filho a casa.
Brisa marinha ainda nos cabelos.
Há medo conquistado
No seu andar e no prazer da viagem.

E de salgada espuma
Ainda arde em brilho a face requeimada.
Tão já fruto maduro
No odor bravio e ardor de estranhos sóis.

O seu relance é denso
De um segredo que nunca saberá
De leve enevoado
Ao vir da primavera ao nosso inverno.


Tanto o botão se abriu
Que o fito agora quase com terror
E a mim mesmo proíbo
A boca que outra boca já escolheu.

Os meus braços rodeiam
Quem para além de mim cresceu alhei
Entregue a um outro mundo —
Algo que é meu e tão de mim distante.




STEFAN GEORGE, trad. Jorge de Sena

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Poeta e tradutor alemão, Stefan Anton George nasceu na aldeia de Büdesheim, Bingen (Alemanha), a 12 de Julho de 1868, e faleceu em Minusio, Locarno (Suiça), a 4 de Dezembro de 1933.
Nascido no seio de uma família católica, aos cinco anos de idade (1873), muda-se para a cidade de Bingen, onde o pai ganha a vida como taberneiro e negociante de vinhos. É na pequena cidade do Reno que Stefan faz a instrução primária, prosseguindo os estudos secundários no Liceu de Darmstadt (1882-1888). Nos anos seguintes faz as primeiras viagens pela Europa: Inglaterra, Itália, França. Em Paris, o convívio com os poetas Albert Saint-Paul, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé inicia-o na estética simbolista, tendo, inclusive, escrito diversos poemas em francês. Dedica-se também à tradução para a língua alemã do livro Les Fleurs du Mal, de Baudelaire (publicado em 1891), de excertos da Divina Comédia, de Dante, e dos sonetos de Shakespeare
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